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26 de maio de 2013

ANTES DA PRIMAVERA CHEGAR

ANTES DA PRIMAVERA CHEGAR

Antes de terminar a primavera, Josué cumpria sempre o mesmo ritual, que no seu entender de homem simples e organizado era de sua obrigação.

Assim como era obrigação do homem do lampião acender todas as noites, pontualmente às sete horas, todos os lampiões da vila; assim como era obrigação do guarda noturno velar pelos sonhos alheios.

Josué também era um homem de obrigações, que lhe foram chegando com os anos vividos.

Era também um ser solitário, pois os seus também foram partindo com os anos vividos.

E ele ficara, sem entender como a solidão se aconchegou em sua alma.

Na pequena vila, distante de tudo, Josué levava uma vida pacata, que mudava quando a primavera estava para terminar.

Era então chegada a hora de Josué cumprir a sua tarefa, era o momento sublime da vida rotineira e solitária de Josué.

O homem então, dentro da sua razão de homem incumbido de algo divino a realizar, esperava ansioso o dia amanhecer, e quando o homem do lampião apagava o último lume, quando o guarda noturno dava seu último apito, Josué saia pelos campos orvalhados pela noite, acompanhado de suas ideias e obrigações, ia colhendo com cuidado todas as flores que encontrava pelo caminho e guardava-as em um saco já bastante surrado pelos anos de uso. Assim, Josué passava o resto do dia, catando flores e mais flores, até o anoitecer.

Ai então, ele esperava a vila dormir e o guarda noturno cochilar nas escadarias da igreja (segredo que só Josué conhecia) e saía pelas ruas espalhando as flores colhidas durante o dia...

Espalhando-as generosamente nas calçadas, na frente das casas do comércio, na cadeia local, na pequena escolinha, e até mesmo na área de uma casa, que segundo suspeitas dos moradores locais, funcionava um cabaré!

O saco aos poucos, ficava vazio, preenchido pelo forte perfume das flores.

Quando a vila acordava Josué já estava longe, já não tinha mais obrigações!

E o povo da vila mais uma vez despertava com o perfume das flores embriagando suas vidas, e ninguém conseguia descobrir o autor de tão maravilhosa obra.

E isso continuou acontecendo por muitos e muitos anos...

Até que um dia, pouco antes da primavera ir embora, encontraram um morador do hospício da vila (local para acabar com os diferentes), morto, no meio do mato, e ao seu lado um velho saco desbotado com um leve aroma de flores.

Calcularam que era algum velho ladrão.

E assim Josué foi enterrado em uma vala comum, na terra úmida e escura.

E não lembro-me de ter visto algum vaso de flor na sua sepultura!

E também nunca mais o povo da vila acordou com o perfume das flores...

 

 

Autor ( Ângelo de Souza )

Fonte: http://www.mundodasmensagens.net/reflexao.asp

 

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